DVRT: doença ocupacional que afeta a voz dos trabalhadores merece atenção da SST

Se para quem canta a voz é o principal instrumento de trabalho, não ficam de fora os professores, locutores, atendentes, palestrantes e demais pessoas que precisam falar por longos períodos. E a saúde vocal deve ser levada em conta quando o assunto é SST.

Em 2020, foi incluída na lista do Ministério da Saúde de doenças relacionadas ao trabalho o Distúrbio de Voz Relacionado ao Trabalho (DVRT). É caracterizada por quaisquer desvios vocais relacionados à atividade profissional que comprometa ou impeça a atuação do trabalhador, podendo ou não haver alteração da laringe. Cansaço ao falar, rouquidão, secura na garganta, sensação se esforçar ao falar, falhas e perda na voz, além de presença de pigarro, dor ou ardor na garganta ou ainda tensão cervical são alguns dos sintomas, informa o Conselho Federal de Fonoaudiologia.

 

Cuidados com a voz

 

“A queixa mais comum entre as pessoas que faz muito uso da voz é a disfonia, mais conhecida como rouquidão. E as causas são diversas, pode ser desde não conseguir usá-la adequadamente seu aparelho fonador, as cordas vocais, até problemas orgânicos, como os nódulos, que podem ser provocados também pelo uso inadequado, mas não necessariamente só por isso”, explica Maria do Socorro Távora, fonoaudióloga do Centro Estadual de Referência em Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (Cerest) Manuel Jacaré, da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa).

A médica recomenda que, antes do surgimento dos sintomas, são imprescindíveis os cuidados preventivos. “Fazer pequenas pausas quando estiver falando é essencial, por isso é interessante ter sempre um copo de água por perto, para hidratação. Ao falar para uma quantidade grande de pessoas, uma palestra, por exemplo, deve-se usar um recurso para amplificar o volume da voz, normalmente um microfone”, arremata Távora.

Em julho, o Cerest-CE lançou o “Grupo de promoção da saúde vocal dos(as) trabalhadores(as) que utilizam a voz como instrumento de trabalho”, com o objetivo de promover a saúde vocal, por meio de ações educativas e preventivas, com encontros quinzenais. “Nosso objetivo é que as trabalhadoras e trabalhadores possam, minimamente, reconhecer sintomas de alerta, como enfrentar e se preparar, quais as estratégias de autocuidado que possam ser potencializadas para que não acometa a sua saúde vocal”, frisa Mara Tavares, titular do Centro.

 

Normas Regulamentadoras

 

Uma das Normas Regulamentadoras consideradas importantes no trabalho com a audição e com a voz é a NR-17, que estabelece parâmetros para permitir a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores.

Em seu Anexo II – Trabalho em Teleatendimento/Telemarketing, elenca as diretrizes que proporcionem o exercício dessa atividade de maneira confortável, segura, preservando a saúde e eficiência de desempenho desses profissionais.

Dentre as medidas, cabem os empregadores implementar “modelos de diálogos que favoreçam micropausas e evitem carga vocal intensiva, a redução do ruído de fundo e o estímulo à ingestão frequente de água potável fornecida gratuitamente aos operadores”, endossa o texto.

A data de 16 de abril é lembrada como Dia Mundial da Voz. No Brasil, a primeira campanha se deu em 1999, em virtude da Semana Nacional da Voz, entre 12 e 16 de abril; já em 2003 passou a ter expressão internacional, com diversos eventos em países como Ásia, EUA e Europa. Oficialmente no país, foi instituída a data pela Lei nº 11.704/2008.

 

Boas práticas

 

No Espírito Santo, Bianca Martins Alves, fonoaudióloga e residente do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família do Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação em Saúde (ICEPi), promove oficinas aos professores da rede municipal de Vitória, que envolvem técnicas de aquecimento e desaquecimento vocal.“É uma roda de conversa por volta de 40 minutos nas escolas, na qual converso diretamente com os profissionais e dou as orientações. Eles também tiram dúvidas e é um momento bem dinâmico”, explica a especialista.

Já no Amazonas, os docentes também recebem orientações sobre saúde vocal. Em abril foi realizada uma campanha na rede de ensino, desenvolvida pelos profissionais de fonoaudiologia da Gerência de Admissão e Atenção ao Servidor (GAAS), da Secretaria de Educação local. Além de cuidados vocais, técnicas de respiração, atividades corporais de aprimoramento e práticas de aquecimento foram alguns dos tópicos abordados.

“A sala de aula é um grande desafio. Competição sonora, abuso vocal, problemas de saúde. Todas essas questões comprometem a voz e o professor vive isso de maneira muito intensa. É para isso que estamos aqui, para orientar, avaliar e ensinar técnicas sobre o assunto”, ressalta Grijalba Rodrigues, fonoaudiólogo da GAAS.

Foto: reprodução

Fonte: Se para quem canta a voz é o principal instrumento de trabalho, não ficam de fora os professores, locutores, atendentes, palestrantes e demais pessoas que precisam falar por longos períodos. E a saúde vocal deve ser levada em conta quando o assunto é SST.

Em 2020, foi incluída na lista do Ministério da Saúde de doenças relacionadas ao trabalho o Distúrbio de Voz Relacionado ao Trabalho (DVRT). É caracterizada por quaisquer desvios vocais relacionados à atividade profissional que comprometa ou impeça a atuação do trabalhador, podendo ou não haver alteração da laringe. Cansaço ao falar, rouquidão, secura na garganta, sensação se esforçar ao falar, falhas e perda na voz, além de presença de pigarro, dor ou ardor na garganta ou ainda tensão cervical são alguns dos sintomas, informa o Conselho Federal de Fonoaudiologia.

 

Cuidados com a voz

 

“A queixa mais comum entre as pessoas que faz muito uso da voz é a disfonia, mais conhecida como rouquidão. E as causas são diversas, pode ser desde não conseguir usá-la adequadamente seu aparelho fonador, as cordas vocais, até problemas orgânicos, como os nódulos, que podem ser provocados também pelo uso inadequado, mas não necessariamente só por isso”, explica Maria do Socorro Távora, fonoaudióloga do Centro Estadual de Referência em Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (Cerest) Manuel Jacaré, da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa).

A médica recomenda que, antes do surgimento dos sintomas, são imprescindíveis os cuidados preventivos. “Fazer pequenas pausas quando estiver falando é essencial, por isso é interessante ter sempre um copo de água por perto, para hidratação. Ao falar para uma quantidade grande de pessoas, uma palestra, por exemplo, deve-se usar um recurso para amplificar o volume da voz, normalmente um microfone”, arremata Távora.

Em julho, o Cerest-CE lançou o “Grupo de promoção da saúde vocal dos(as) trabalhadores(as) que utilizam a voz como instrumento de trabalho”, com o objetivo de promover a saúde vocal, por meio de ações educativas e preventivas, com encontros quinzenais. “Nosso objetivo é que as trabalhadoras e trabalhadores possam, minimamente, reconhecer sintomas de alerta, como enfrentar e se preparar, quais as estratégias de autocuidado que possam ser potencializadas para que não acometa a sua saúde vocal”, frisa Mara Tavares, titular do Centro.

 

Normas Regulamentadoras

 

Uma das Normas Regulamentadoras consideradas importantes no trabalho com a audição e com a voz é a NR-17, que estabelece parâmetros para permitir a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores.

Em seu Anexo II – Trabalho em Teleatendimento/Telemarketing, elenca as diretrizes que proporcionem o exercício dessa atividade de maneira confortável, segura, preservando a saúde e eficiência de desempenho desses profissionais.

Dentre as medidas, cabem os empregadores implementar “modelos de diálogos que favoreçam micropausas e evitem carga vocal intensiva, a redução do ruído de fundo e o estímulo à ingestão frequente de água potável fornecida gratuitamente aos operadores”, endossa o texto.

A data de 16 de abril é lembrada como Dia Mundial da Voz. No Brasil, a primeira campanha se deu em 1999, em virtude da Semana Nacional da Voz, entre 12 e 16 de abril; já em 2003 passou a ter expressão internacional, com diversos eventos em países como Ásia, EUA e Europa. Oficialmente no país, foi instituída a data pela Lei nº 11.704/2008.

 

Boas práticas

 

No Espírito Santo, Bianca Martins Alves, fonoaudióloga e residente do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família do Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação em Saúde (ICEPi), promove oficinas aos professores da rede municipal de Vitória, que envolvem técnicas de aquecimento e desaquecimento vocal.“É uma roda de conversa por volta de 40 minutos nas escolas, na qual converso diretamente com os profissionais e dou as orientações. Eles também tiram dúvidas e é um momento bem dinâmico”, explica a especialista.

Já no Amazonas, os docentes também recebem orientações sobre saúde vocal. Em abril foi realizada uma campanha na rede de ensino, desenvolvida pelos profissionais de fonoaudiologia da Gerência de Admissão e Atenção ao Servidor (GAAS), da Secretaria de Educação local. Além de cuidados vocais, técnicas de respiração, atividades corporais de aprimoramento e práticas de aquecimento foram alguns dos tópicos abordados.

“A sala de aula é um grande desafio. Competição sonora, abuso vocal, problemas de saúde. Todas essas questões comprometem a voz e o professor vive isso de maneira muito intensa. É para isso que estamos aqui, para orientar, avaliar e ensinar técnicas sobre o assunto”, ressalta Grijalba Rodrigues, fonoaudiólogo da GAAS.

Foto: reprodução

"> Revista CIPA